Analisando a Violência no Rio de Janeiro

João Gustavo
Data Hackers
Published in
8 min readMar 17, 2021

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Sabe-se que o Rio de Janeiro é conhecido como a “Cidade Maravilhosa”, sendo um dos maiores centros turísticos do País.

Apesar das maravilhas do Rio De janeiro, o estado tem altos índices de violência e tráfico, problemas os quais a polícia tem dificuldade em vencer. Segundo o resumo Violência no Rio de Janeiro — Desafio do Estado é vencer o tráfico, o tráfico por si só não justifica o alto índice de criminalidade.

Praticamente todas as grandes metrópoles do mundo possuem comércio ilegal de drogas. Estima-se que o mercado consumidor de cocaína em Nova York, por exemplo, seja duas vezes maior que o Rio.

Entretanto, o Rio é uma das poucas cidades do mundo que presencia cenas de guerra nas ruas quase que diariamente. O motivo são as facções armadas que travam lutas pelo controle de territórios, favorecidas por uma rede de corrupção e pelo descaso histórico do poder público em relação às favelas nos morros cariocas.

Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro é uma grande cidade brasileira à beira-mar, famosa pelas praias de Copacabana e Ipanema, pela estátua de 38 metros de altura do Cristo Redentor no topo do Corcovado, e pelo Pão de Açúcar, um pico de granito com teleféricos até seu cume.

A cidade também é conhecida pelo empolgante Carnaval, com carros alegóricos, fantasias extravagantes e sambistas, é considerado o maior do mundo. Tão marcantes quanto o Cristo ou o Pão de Açúcar na paisagem carioca, as favelas se espalham pelos morros do Rio. Segundo dados do Censo2010, existem 160 bairros urbanizados e 763 favelas, nas quais vivem mais de 1 milhão e 300 mil pessoas, quase um quarto da população municipal.

Obtenção dos dados

Os dados usados foram obtidos a partir do site do ISP Dados.RJ (Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro). Portanto, o dataset a ser analisado é um arquivo.csv(DOMensalEstadoDesde1991.csv)-Estatísticas de segurança: série histórica mensal no estado desde 01/1991

Análise Inicial dos Dados

Conhecendo os Dados

Aqui garantiremos que o leitor obtenha conhecimento a respeito de como os dados estão estruturados, assim o mesmo pode sentir-se a vontade ao decorrer da análise, tendo em vista que será capaz de compreender o que está lendo.

Um ótimo começo é checarmos como nosso DataFrame está distribuído, assim saberemos quantas entradas e variáveis teremos para trabalhar.

Foi possível identificar 361 entradas e 56 variáveis, tendo em vista que trabalharemos com dados numéricos, as variáveis são classificadas como floats e inteiros.

Dicionário de variáveis

Vamos dar uma olhada no nome das variáveis que aparecerão ao decorrer do artigo e montar um dicionário, de modo a esclarecer quaisquer possíveis dúvidas.

  • ano — Ano da comunicação da ocorrência
  • mes — Mês da comunicação da ocorrência
  • hom_doloso — Registros de Homicídio Doloso
  • lesao_corp_morte — Registros de Lesão Corporal com Morte
  • latrocinio — Registros de Latrocínio
  • cvli — Crimes Violentos Letais Intencionais (lesão corporal seguida de morte)
  • hom_por_interv_policial — Registros de Homicídios por Intervenção Policial
  • letalidade_violenta — inclui os casos de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção de agente do Estado
  • tentat_hom — Tentativas de Homicídios
  • lesao_corp_dolosa — Lesão Corporal Dolosa
  • estupro — Casos de Estupros
  • roubo_veiculo — Roubos de Veículos
  • roubo_em_coletivo — Roubos em Coletivo
  • furto_veiculos — Furto de Veículos
  • recuperacao_veiculos — Recuperação de veículos roubados ou furtados
  • apf — Auto de Prisão em Flagrante

O dicionário de TODAS as variáveis, você encontra no notebook da análise, presente no final do artigo.

Primeiras entradas

Em seguida iremos finalmente dar uma olhada nas 5 primeiras entradas do nosso DataFrame.

Após checarmos as primeiras entradas, é possível notar a ausência de alguns valores, isso pode comprometer a visualização e a interpretação dos dados, pois seriam apresentados de forma não correspondente com a realidade.

Lidando com os Valores Ausentes

Procurando os valores ausentes? Pois é, eu também!

Podemos notar que roubo_bicicleta e apf possuem os maiores percentuais de valores ausentes, sendo cerca de 76% e 50%, respectivamente.

Não sabemos o motivo desses dados estarem ausentes. Podendo ser decorrente de um erro, perda de dados ao decorrer dos anos, não contabilização ou outro motivos, apesar da falta de preenchimento podemos ter certeza de que esses crimes aconteceram, apenas não sabemos suas quantidades.

Copiando o DataFrame (2011–2021)

Devido aos valores ausentes e a necessidade de fazermos uma análise o mais condizente possível com a realidade, analisaremos apenas os últimos 10 anos, serão feitas algumas comparações entre esse período e os anos anteriores.

Para isso, criaremos uma cópia do DataFrame e usaremos os dados referentes ao período 2011 – 2021, a respeito de 2021, temos apenas dados do mês de janeiro, pois não chegamos ao seu fim ainda.

Verificando Dados Ausentes Restantes

Em seguida, verificaremos novamente qual o percentual de valores ausentes em cada uma das colunas.

É possível notar que a quantidade de dados ausentes diminuiu drasticamente, tendo apenas duas variáveis com valores ausentes.

  • roubo_bicicleta e furto_bicicleta — ainda possuem cerca de 30% de seus valores ausentes.

Vamos checar como ficou o nosso DataFrame após buscarmos dados mais recentes.

Com estes valores, é possível fazer uma análise relevante e relacionar com o que acontece hoje, podemos também ter uma visualização mais didática.

Informações Estatísticas da Violência no Rio de Janeiro

Vamos checar as Estatísticas!!!

De modo a, obtermos um resumo geral das informações estatísticas do nosso dataset usaremos a funçãodf.describe() , a qual retorna a média de cada uma das variáveis, o desvio padrão, valores máximos e mínimos, a quantidade de entradas para cada variável e alguns percentis.

Desconsidere os valores das colunas ano e mes .

Médias

É possível checarmos a média de algumas variáveis, assim compreenderemos melhor a situação que o Rio De Janeiro se encontra. Vamos dar uma olhada:

Roubo de Veículos

Após a visualização dos dados estatísticos, conseguimos extrair que cerca de 2880 veículos são roubados, por mês. Portanto, por dia são roubados em média 96 veículos, cerca de 35 mil ao ano.

Furto de Veículos

Outro dado que fomos capazes de obter foi a quantidade de veículos furtados, cerca de 1340 veículos, por mês. Apesar de muitos não saberem, roubo e furto são crimes diferentes, visto que no furto não há violência no roubo, sim.

Recuperação de Veículos

Contudo, a quantidade de veículos recuperados, em média, é apenas 2072. Este valor, representa cerca de 50% dos 4220 veículos roubados e furtados, por mês.

Valores Máximo e Mínimo

Podemos também, encontrar o mês e o ano onde teve a maior e a menor quantidade de casos de um determinado crime, verificaremos a respeito dos casos de Homicídio Doloso.

Valor Máximo 2011 – 2021

Em março de 2014 a quantidade de casos foi uma das maiores já registradas, foram 510 casos no total. São 135 casos a mais do que a média mensal, 375 casos.

Valor Máximo 1991 – 2021

Para fins de comparação, a maior quantidade de casos presente em todo o nosso conjunto de dados, aconteceu em janeiro de 1995. Neste período, foram registrados 831 casos.

Valor Mínimo

Em setembro de 2020, foram registrados 239 casos, sendo essa a menor quantidade lançada. Este é o menor valor registrado para Homicídios Dolosos. O motivo desse baixo número de ocorrências, é justificado pela alta quantidade de casos do Sars-CoV-2, neste período.

Visualização Dos Dados

Após tratar e analisar os dados, fomos capazes de entender a situação em que o Rio De Janeiro se encontra. Portanto, podemos plotar gráficos que nos ajudarão a visualizar os dados dispostos de outra maneira.

Histograma de “hom_doloso

O histograma plotado pode nos mostrar que existem extremos, quando estamos tratando da quantidade de crimes. É possível notar que, enquanto alguns meses têm mais de 500 casos, haverão meses em que terá menos de 250, mas em sua maioria teremos entre 300 e 400 ocorrências.

Gráfico de linhas para a variável “roubo_em_coletivo

O gráfico de linhas nos mostra que o roubo em coletivo esta aumentando desde 2012, quando os números eram próximos de 345. Contudo, a partir de 2015 as ocorrências aumentaram cerca de 372%, visto que a quantidade de roubos em coletivo ultrapassou 1600 casos em Agosto de 2017.

Impressionado com o crescimento de roubos?

Conclusão

Após a análise, pode-se observar que em 10 anos alguns dados mudaram, mas infelizmente existem setores que ainda são alarmantes, dado que seus números ainda são muito altos. Existem também, dados onde houve a diminuição dos casos, mas após um curto período voltaram a subir e continuam preocupantes.

Entretanto, cabe ao Governo e a Força Policial do Rio De Janeiro tornar a cidade mais segura e fazer com que o lar da estátua do Cristo Redentor seja cada vez mais atrativo, até mesmo para as pessoas que conhecem a cidade como um local violento. Portanto, o aumento de patrulhas, aumento da quantidade de policiais em campo e forças tarefas para combater as facções armadas, pode ser uma solução. Afinal, a população precisa se sentir segura e o País necessita que a “Cidade Maravilhosa” seja realmente maravilhosa.

De tal forma que, o Estado apenas se beneficiaria disso, visto que tem passados por dificuldades nos últimos anos. Portanto, a resolução dos problemas securitários, pode causar um efeito dominó e não apenas esse setor apresentaria melhoras, mas também todos os outros.

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